The Pi Holon UniverseArtist Dirk Laureyssens
Esta pintura
representa hólons interligados em um universo multi-colorido. Todos os hólons
(seres humanos, objetos, estrelas, planetas, átomos, moléculas) são
"feitos" pela membrana cósmica. Cada hólon é único e dinâmico. Hólons
interagem através de contatos diretos (cores inter-relacionadas irradiando),
mas eles também interagem através da membrana, uma vez que eles são feitos de membrana contínua; que é o útero universal.
Hólons são espaços multi-camadas da dualidade (yin e yang). A teoria cosmológica
desta pintura pode ser consultada no site
http://www.mu6.com/holon_creation.html ou http://www.artdeus.com
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CONCEITO DE HÓLON
FUNDAMENTOS
Arthur Koestler desenvolveu o conceito de hólon.
Segundo Koestler, partes e todo em sentido absoluto não existem. Todas as entidades, das moléculas aos seres humanos e destes aos sistemas sociais, podem ser consideradas todo no sentido de serem estruturas integradas e também partes de todos maiores, em níveis superiores de complexidade.
Os hólons são possuidores de duas tendências básicas: uma integrativa e outra auto-afirmativa. No que se refere ao ser humano, tomado aqui como exemplo, a tendência integrativa dá ao indivíduo a consciência gregária, que o faz sentir-se parte de um grupo, de uma sociedade, de um todo maior. É graças a ela que o ser humano exercita suas possibilidades de associação, de cooperação, de organização familiar e comunitária, de trabalho em grupo. Já a tendência auto-afirmativa lhe confere a consciência de sua individualidade, de se sentir como pessoa única e especial, diferenciado dos seus semelhantes pelas características originais de sua personalidade.
Essas duas tendências parecem opostas, e realmente são, mas, ao contrário do que pode parece à primeira vista, não são excludentes. A existência de uma não exclui e não desobriga a existência da outra. Pelo contrário, elas são complementares e devem estar em equilíbrio dinâmico. Isso quer dizer que de acordo com o momento e a situação que o indivíduo está vivendo, uma tendência pode e até deve predominar sobre a outra. Mas ambas precisam existir de forma hamônica para que se preserve o equilíbrio - e a saúde - do sistema.
TEORIA DO HÓLON
DETALHAMENTO
Uma das contribuições mais importantes para a análise dos sistemas sócio-ambientais, concebida por Arthur Koestler, foi o conceito de holon, como uma forma de contraposição aos extremos do reducionismo que valoriza a parte e aos exageros do holismo, que pretende a hegemonia do todo sobre as partes em todas as circunstâncias.
Ele juntou dois conceitos gregos – holos (que significa totalidade) e o sufixo – on (que significa parte ou partícula) – criando um neologismo para explicar as inter-relações existentes nos sistemas complexos.
"Os termos parte e todo são relativos e ambíguos. Uma parte, como geralmente usamos a palavra, significa algo fragmentado e incompleto, que não tem uma existência por si mesmo. O todo, ao contrário, é considerado como algo completo em si mesmo e dispensa qualquer explicação adicional." (KOESTLER, 1969).
"Mas, todos e partes, nesse sentido absoluto simplesmente não são excludentes e portanto coexistem no domínio dos organismos vivos e das organizações sociais." (KOESTLER, 1969).
"O que encontramos são estruturas intermediárias em diversos níveis e numa ordem ascendente de complexidade: partes que se revelam todos, ou vice-versa, de acordo com o modo como as observamos. Os fonemas, as palavras, as frases são todos, mas são também partes de um todo maior, assim como são as células, os tecidos, os órgãos, as famílias, os clãs e as tribos.
Os holons apresentam três características específicas, visíveis em qualquer tipo de sistema:
- Hierarquia. Significa ordem sagrada, indicando que todo sistema tem uma finalidade e está organizado hierarquicamente em relação à sua função e ao controle de seus processos internos.
- Códigos fixos. Dizem respeito às regras que sustentam a identidade do sistema e organizam a sua estrutura em profundidade e extensão. Contem os limites do sistema, aquilo que não pode ser mudado, que constitui o seu núcleo essencial. A maior parte das decisões tomadas com base nesses códigos são rotineiras, conservadoras e voltadas para a manutenção e para a permanência.
- Estratégias flexíveis. Dizem respeito à dinâmica e à flexibilidade do sistema, bem como às estratégias que ele usa para sobreviver. Expressam a autonomia do holonpara criar, inovar ou se transformar.
A organização mental e a social dependem da existência do todo e das partes para sobreviverem. Uma mente ou uma sociedade sem estruturação hierárquica comportam-se de maneira caótica. Por outro lado, não existem sistemas monolíticos, padronizados em uma estrutura única. Os sistemas complexos são organizados em vários tipos de hierarquia entrelaçadas, a que se dá o nome de estruturas em rede. Cada um desses níveis da hierarquia detém uma forma autônoma de poder ou de controle, e eles podem ser rígidos ou elásticos, autoritários ou participativos, mas sempre existem. Assim, cadaholon atua como uma unidade autônoma, tem uma individualidade, uma identidade; não podendo sofrer a hegemonia do todo sobre as suas partes.
A dicotomia entre o todo e as partes se manifesta na polaridade de duas tendências inerentes a cada holon: a integração e a auto-afirmação. Essas tendências ocorrem sob diferentes formas, nos vários níveis da hierarquia, como mostra a tabela abaixo. A polaridade dessas duas tendências constitui o núcleo da Teoria dos holons. O conceito deholon é dialético, comporta a harmonia e a dissonância, a análise e a síntese, o funcionamento e a oposição. O holon é o símbolo da contradição entre a parte e o todo, a autonomia e a dependência. Esse paradoxo é inseparável da vida das pessoas. Portanto não existe a hegemonia do todo sobre as partes.
Essas forças contraditórias existem potencialmente em todos os sistemas. São energias vitais, importantes e necessárias, mas que devem coexistir em equilíbrio dinâmico. É importante observar que essas características em si são neutras. A eficiência de seu uso é uma questão de grau. Se utilizadas em excesso, tornam-se negativas. Se inexistentes, geram estagnação. Existe um ponto de equilíbrio que precisa ser encontrado e respeitado para que o holon funcione de maneira adequada.
As tendências contraditórias dos holons atuam nos sistemas porque não existe organização sem antagonismos. Por isso, todos os sistemas vivos estão sujeitos às crises. Toda crise, seja qual for a sua origem, traduz-se por uma falha na regulação do sistema, ou seja, no controle de seus antagonismos. Por outro lado, os antagonismos irrompem quando há crise. Podem também deflagrar crises que estão em latência. Quando a crise se manifesta, a desordem se propaga no sistema. Quanto maior for a complexidade do sistema, maior é a possibilidade de desordem e, portanto, maior é o perigo de crise. Paradoxalmente, é também maior a capacidade do sistema para vencer suas dificuldades e tirar proveito delas para o seu desenvolvimento.
"O mundo atual, marcado pela velocidade das mudanças, é um mundo em crise. A palavra crise (do grego krisis) significa momento de decisão. Tomar decisão durante as crises é muito difícil, devido às incertezas que, quase sempre, estão presentes nesses momentos. Entretanto, dependendo da forma como é administrada, a crise pode ser benéfica, porque traz dentro de si a semente da inovação. Ao criar um impasse, a crise obriga a uma tomada de decisão."(MOURA, 1978).
Um organismo está em equilíbrio quando as tendências auto-afirmativas e integrativas de seus holons se contrabalançam mutuamente. Nos momentos de tensão ou de crise, esse equilíbrio se rompe e o holon tende a perder o controle. Sua auto-afirmação se transforma em agressividade, seja o holon um indivíduo, uma organização ou um sistema social maior. O holon superexcitado pode monopolizar suas funções em detrimento da totalidade e esta só funciona como todo se as partes funcionarem como partes.
Quando o processo se inverte, ou seja, quando há dependência excessiva, o poder do todo sobre as partes corrói a autonomia e a individualidade e o holon perde a sua identidade. Isto pode conduzir a uma regressão das tendências integrativas, levando a formas primitivas de relações objetais. Cria-se um abismo entre a identidade e a totalidade.
Nos momentos de crise, a existência simultânea de paradigmas novos e velhos dificulta a tomada de decisão porque as diferentes visões de mundo e seus referenciais perceptivos específicos fazem com que cada um considere as alternativas e conseqüências de maneira personalizada. Em condições normais, as tensões surgidas nessas transações são passageiras. A decisão correta devolve o equilíbrio ao sistema, redirecionando-o para as suas finalidades. Isso explica porque as grandes mudanças, tanto nas pessoas como nos sistemas sociais, costumam acontecer após os períodos de crise.
Bibliografia
KOESTLER, Arthur. O fantasma da máquina. Rio de Janeiro: Zahar, 1969.
MOURA, Paulo C. O benefício das crises. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1978.
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